Sessões semanais de Estimulação Magnética Transcraniana Repetitiva Não Invasiva (EMTr), uma forma de neuromodulação, proporcionaram alívio suficiente da dor, a longo prazo, em até 61% dos pacientes com dor pós-AVC (um tipo de dor de origem central), que pode permanece por um ano, aponta um estudo apresentado pela Sociedade Internacional de Neuromodulação.

Dos 18 pacientes do estudo, 11 pacientes obtiveram alívio da dor entre satisfatório a excelente. O alívio da dor foi sustentado em seis pacientes que continuaram o tratamento por mais um ano. Todos os pacientes receberam neuromodulação no seu córtex motor primário uma vez por semana por pelo menos 12 semanas.

Alívio satisfatório foi considerado uma redução de 40% a 69% nos escores de dor (6 pacientes) e alívio excelente, redução da dor de 70% ou mais (5 pacientes). No geral, 8 pacientes que tiveram disestesias (sensações dolorosas na pele) graves após  um acidente vascular cerebral, como dormência desconfortável ou formigamento, experimentaram menos alívio do que pacientes sem disestesias graves, sugerindo que possíveis danos no circuito neural estavam inibindo a resposta ao tratamento.

“Todos os participantes do estudo foram tratados clinicamente após um infarto ou sangramento em um lado do cérebro (AVC isquêmico ou hemorrágico unilateral). Após várias semanas de recuperação, eles começaram a sentir fortes dores nas mãos ou nas pernas como consequência de danos cerebrais causados ​​​​pelo derrame. A dor central pós-AVC pode ser extremamente incapacitante e difícil de tratar, afetando o funcionamento geral, o humor e a qualidade de vida geral”, explica o neurocirurgião Pedro Henrique Cunha, especialista em Dor.

Desde a década de 1990, o Japão tem sido um centro ativo de pesquisa no estudo da neuromodulação para tratar a dor pós-AVC usando dispositivos implantados cirurgicamente. O estudo baseia-se em observações de que a eficácia da estimulação elétrica do córtex motor no alívio da dor central pós-derrame pode ser prevista pela neuromodulação.

Estudo comprova evidências anteriores

Em 2014, um outro estudo já havia sugerido que há uma provável eficácia para o tratamento de curto prazo com a neuromodulação, nos casos de dores neuropáticas, incluindo a dor central pós-AVC, mas não havia menção sobre a eficácia a longo prazo.

Uma vez que o alívio da dor pela neuromodulação aumenta alguns dias após o tratamento, sessões de tratamento semanais foram recomendadas para tentar manter o alívio da dor em intervalos de tratamento que poderiam ser mantidos ambulatorialmente.

Os pesquisadores acreditam que os especialistas em Dor teriam um interesse especial neste método, que também é atraente devido ao seu baixo perfil de efeitos colaterais. Nenhum dos 18 pacientes relatou quaisquer efeitos colaterais graves advindos das sessões semanais de neuromodulação. Dois pacientes relataram desconforto leve e transitório no couro cabeludo.

“Além do potencial da neuromodulação no alívio da dor, tem crescido as pesquisas sobre estimulação não invasiva para aumentar o progresso na reabilitação física logo após o acidente vascular cerebral. Acredita-se que a neuromodulação auxilie na plasticidade, na capacidade do cérebro de formar gradualmente novas conexões neurais para assumir funções antes desempenhadas por áreas danificadas”, explica o neurocirurgião.

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