A espasticidade, condição que afeta mais de 12 milhões de pessoas em todo o mundo, chega a afetar até 80% das pessoas com doenças como paralisia cerebral ou esclerose múltipla. Ela também pode ocorrer após doenças neurológicas como acidente vascular cerebral, lesão ou traumatismo da medula espinhal, lesão cerebral traumática dentre outras. Seus sintomas incluem rigidez muscular, espasmos e contrações involuntárias, que muitas vezes são extremamente dolorosas.

Existem várias opções de tratamento disponíveis: medicamentos analgésicos, relaxantes musculares, bloqueadores neuromusculares, injeções da toxina botulínica, usadas para aliviar a tensão muscular e a espasticidade e com eficácia comprovada. Além disso, a fisioterapia pode ser usada para fortalecer os músculos, melhorar o equilíbrio e a coordenação motora, e ajudar a prevenir as complicações. A estimulação medular e a terapia com bombas de infusão intratecal de fármacos são alternativas para casos refratários ao tratamento clínico.

Apesar disso, ainda existem casos desafiadores que não respondem às terapias disponíveis, ou pacientes que não tem condições de serem submetidos a procedimentos invasivos.

Uma empresa chamada PathMaker Neurosystems® anunciou o início de um estudo multicêntrico para avaliar o MyoRegulator®, um dispositivo de neuromodulação não invasiva, com tecnologia que fornece estimulação simultânea periférica e da medula espinhal (ou tecnologia DoubleStim®, que permite estimulação simultânea anódica transespinhal por corrente contínua (tsDCS) e estimulação por corrente contínua de nervos periféricos (pDCS). Desenvolvido em 2019, esse dispositivo é fruto de uma parceria do WeHealth by Servier, o departamento de e-saúde global do Grupo Servier e da PathMaker Neurosystems.

O MyoRegulator® é considerado o primeiro aparelho de neuromodulação que trata a espasticidade muscular sem a necessidade de medicamentos ou cirurgia. Ele já foi testado em dois estudos clínicos concluídos nos EUA e na Europa, com resultados positivos na diminuição de pontos em escalas de espasticidade, rigidez e também uma melhora significativa da função motora. Mesmo sem atividade ou treinamento adicional prescrito, o efeito foi duradouro no seguimento de cinco semanas. O tratamento foi considerado inovador pelo Food and Drug Administration (FDA) dos EUA.

O mecanismo pelo qual o dispositivo age é na supressão, de forma não invasiva, dos neurônios espinhais hiperexcitáveis ​​envolvidos na espasticidade.

O novo estudo piloto multicêntrico, randomizado, duplo-cego, controlado por estimulação ativa e placebo, avaliará a eficácia e a segurança do tratamento da espasticidade dos membros inferiores após o acidente vascular cerebral (pós-AVC) com o MyoRegulator em 76 pessoas. Financiado por uma pesquisa coperativa (CREATE Devices) do National Institute of Neurological Disorders and Stroke (NINDS), ele será conduzido pelo Spaulding Rehabilitation Hospital em Charlestown, EUA. O investigador principal do estudo, dr. Jorge Leon Morales-Quezada (Spaulding Rehabilitation Hospital, Charlestown, EUA), reitera que “Existe uma necessidade premente de novas opções terapêuticas que não envolvam medicamentos ou cirurgia para o tratamento da espasticidade”. O dispositivo MyoRegulator® representa uma nova esperança potencial para milhões de pacientes que vivem com esse distúrbio em todo o mundo. Estamos entusiasmados por estar envolvidos neste estudo com o PathMaker e explorar a possibilidade de aproximar esta tecnologia da prática clínica.”

“A espasticidade é uma condição grave e incapacitante, portanto o desenvolvimento e validação de novas terapias como o MyoRegulator® é essencial, e pode beneficiar e melhorar a qualidade de vida de muitos pacientes.” Conclui dr Pedro Henrique Cunha, neurocirurgião funcional.

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