A espasticidade é uma desordem motora caracterizada pelo aumento do tônus muscular, com rigidez e espasmos frequentemente dolorosos. Essa condição pode ocorrer após doenças como lesão ou traumatismo da medula espinal, esclerose múltipla (EM), paralisia cerebral, AVC, traumatismo cerebral, esclerose lateral amiotrófica (ELA), também conhecida como doença de Lou Gehrig, dentre outras.

O TRATAMENTO visa: 

1) Atuar inicialmente no FATOR CAUSAL, como tumores, inflamação, doenças degenerativas, hidrocefalia, etc.

2) Prevenir ou eliminar FATORES QUE PIORAM A ESPASTICIDADE como: dor, úlceras de decúbito, infecções urinárias, obstipação, enrijecimento articular, unha encravada, estresse psicológico e distúrbios do sono;

3) Tratamento sintomático com: fisioterapia, os agentes farmacológicos (por via oral ou intratecal), a quimio-denervação dos músculos com o uso de injeções de fenol, a utilização de injeções de toxina botulínica, tratamento cirúrgico com neurólises ou neuromodulação.

Mas em muitos casos, o tratamento é insuficiente e a busca de novas terapias se faz necessária. Uma delas é o canabidiol (CBD), terapia que vem ganhando espaço no tratamento de muitas doenças e condições clínicas.

O uso da planta do cânhamo (Cannabis sativa L.) no tratamento de distúrbios neurológicos é antigo: há relatos originários da China e do Egito, de dois mil anos antes de Cristo; da tradição ayurvédica na Índia desde os primeiros séculos pré-cristãos dentre outros. O cânhamo indiano entrou na medicina ocidental moderna no século XIX, com seus efeitos analgésicos e relaxantes musculares elogioados por muitos médicos do tempo, incluindo Sir John Russell Reynolds, médico pessoal da Rainha Vitória. Porém a estrutura química do principal composto ativo da cannabis, o delta-9-tetrahidrocanabinol (THC, dronabinol) só foi caracterizado na década de 1960, permitindo os primeiros estudos clínicos com dosagens exatas.

Estudos realizados em pacientes com esclerose múltipla e lesão medular (LM), com o cannabis para tratar seus sintomas, sugerem que ele pode ser útil para o tratamento da espasticidade e espasmos.

Em um deles, os indivíduos receberam um spray oral de THC:CBD (na proporção de 1:1) ou um placebo e os seguiram para avaliação da gravidade dos sintomas, com redução estatisticamente significativa na dor neuropática, espasticidade, espasmos musculares e distúrbios do sono no grupo dos que usaram o medicamento, todos com efeitos adversos muito leves e autolimitados. Esses resultados levaram ao desenvolvimento do Sativex®, um spray farmacêutico oral contendo uma proporção de 1:1 de THC:CBD, que foi aprovado para aliviar os sintomas associados à esclerose múltipla, incluindo espasmos musculares e dor neuropática em 25 países fora dos Estados Unidos, incluindo Canadá e Reino Unido.

Em outro estudo, pacientes com lesão medular receberam ora THC oral isoladamente, (total de 22 pacientes), THC retal (8 pacientes) ou placebo (7 pacientes).  Os que receberam o THC tiveram uma melhora significativa da espasticidade. Apesar de alguns pacientes terem como efeitos colaterais o aumento da dor (4 indivíduos) e efeitos psicológicos (7 indivíduos), na maioria deles o THC foi eficaz e seguro no tratamento da espasticidade.

“Ainda que novas pesquisas sejam necessárias, os estudos realizados até o momento demonstraram o potencial efeito benéfico do uso de derivados da Cannabis, seja o CBD, a combinação CBD + THC ou o THC isoladamente, como uma terapia segura, efetiva e promissora no tratamento das doenças e condições que cursam com espasticidade e dor”, pontua dr. Pedro Henrique Cunha, neurocirurgião funcional e médico da dor.

 Fontes:

 

 

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