Dor nociceptiva? Dor neuropática? Você está em busca de informações sobre o tratamento da sua dor e se deparou com termos técnicos que não consegue decifrar ou diferenciar? Muito bem! Vamos fazer isso juntos! Este artigo enfoca a diferença entre dor nociceptiva e dor neuropática, bem como suas causas e tratamentos.

A dor nociceptiva é a dor causada por danos ao corpo, relacionada à inflamação local, podendo ser musculoesquelética ou visceral. A dor neuropática refere-se à dor que surge quando uma lesão ou condição patológica afeta o sistema nervoso, ou o impede de funcionar corretamente.

A dor nociceptiva é o tipo mais comum de dor que sentimos. Ela se desenvolve quando as fibras nervosas nociceptivas são afetadas por inflamação, produtos químicos ou eventos físicos. Exemplos de dor nociceptiva: uma lesão esportiva, após um procedimento cirúrgico.

​ O que é a dor nociceptiva?

“A dor nociceptiva geralmente é aguda e se desenvolve em resposta a uma situação específica. Tende a desaparecer à medida que a parte afetada do corpo cicatriza. Por exemplo, a dor causada por uma fratura no tornozelo melhora à medida que o tornozelo cicatriza”, explica o neurocirurgião Pedro Henrique Cunha, especialista em Dor.

O corpo é formado por células nervosas especializadas chamadas nociceptores que detectam estímulos nocivos ou coisas que podem fazer mal ao corpo, como calor ou frio extremo, pressão, agulhadas ou produtos químicos. Esses sinais de alerta são transmitidos pelo sistema nervoso até o cérebro, resultando em dor nociceptiva.

Isso acontece muito rapidamente em tempo real, por isso as pessoas sabem que devem tirar as mãos se tocarem em um forno quente ou tirarem um peso de cima de um tornozelo machucado.

As informações fornecidas pela dor nociceptiva podem ajudar o corpo a se proteger e a se curar.

 O que é a dor neuropática?

A dor neuropática é a dor que se desenvolve quando o sistema nervoso é afetado e/ou não funciona adequadamente devido a uma doença, ou a uma lesão. É diferente da dor nociceptiva porque não se desenvolve em resposta a nenhuma circunstância específica ou estímulo externo”, afirma Pedro Henrique Cunha.

Na verdade, as pessoas podem sofrer de dor neuropática mesmo quando a parte dolorida ou lesionada do corpo “não está realmente presente”. Essa condição é chamada de dor do membro fantasma, que pode ocorrer em pessoas após terem sido submetidas a uma amputação, por exemplo.

A dor neuropática também é conhecida como dor nos nervos e geralmente é crônica. Muitas condições e doenças diferentes causam a dor neuropática, incluindo:

  • Diabetes;
  • Esclerose múltipla;
  • AVC;
  • Câncer;
  • Infecções como citomegalovírus ou herpes zoster;
  • Pós amputação.

Diagnóstico da dor

Para ter acesso ao tratamento adequado, é muito importante determinar se um indivíduo sofre de dor neuropática ou nociceptiva.

A dor lombar crônica, por exemplo, é uma queixa muito comum, mas em 90% dos casos (1), os médicos não conseguem identificar uma causa física para o incômodo. Frequentemente, parte do desconforto que as pessoas sentem com a dor lombar crônica é decorrente da dor neuropática.

Um teste de diagnóstico denominado Questionário painDETECT (2) foi desenvolvido para ajudar os médicos a identificarem a presença de dor neuropática e/ou nociceptiva em pessoas com dor crônica. Este teste é agora amplamente utilizado para avaliar a dor neuropática em diversas condições e doenças.

Ao fazer o questionário, a pessoa será solicitada a responder 9 perguntas. Sete das perguntas pedem que ela avalie diferentes sensações de dor em uma escala de 0 a 5. Ela também será questionada sobre quanto tempo dura a dor, avaliada de −1 a +1, e se a dor irradia-se ou não, avaliada de 0 a 2. Quanto maior a pontuação, maior será o nível de dor neuropática que o indivíduo provavelmente sentirá.

Pessoas com diabetes também são aconselhadas a observar os sintomas de dor neuropática, principalmente nos pés. A neuropatia nos membros inferiores é muito comum em pessoas com diabetes e é uma das principais causas de amputação. Os sintomas iniciais geralmente são dormência, fraqueza ou queimação nos dedos dos pés. Em seguida pode vir a dor, em choque, queimação ou pontadas. Essa dor frequentemente piora à noite e dificulta o sono.

Localização da dor

As áreas mais comuns para as pessoas sentirem dor nociceptiva são no sistema musculoesquelético, que inclui articulações, músculos, pele, tendões e ossos. Órgãos internos, como intestinos, pulmões e coração, também podem estar sujeitos a dor, geralmente nociceptiva visceral, juntamente com os músculos lisos.

Em 2005, estimava-se que havia 1,6 milhão de pessoas (3) que haviam perdido um membro nos Estados Unidos. Os pesquisadores acreditam que problemas vasculares, traumas, câncer e conflitos armados farão com que esse número aumente para 3,6 milhões até 2050. (4)

Já sabemos que 42,2–78,8% (5) dos indivíduos que tiveram um membro amputado sofrerão de dor no membro fantasma. “Esse tipo de dor neuropática pode se desenvolver em qualquer lugar em que um membro tenha sido removido”, explica Pedro Henrique Cunha.

Aproximadamente metade de todas as pessoas com diabetes apresenta neuropatia diabética, que é uma dor nos nervos que afeta os pés e as mãos. Os dedos dos pés são geralmente a primeira parte do corpo a ser afetada. “Pessoas com diabetes também podem desenvolver neuropatia em outras partes do corpo, incluindo a parte frontal das coxas, perto dos olhos e nos pulsos”, diz o médico.

Muitas pessoas com câncer apresentam dor neuropática nas costas, pernas, tórax e ombros devido a compressões que afetam a medula espinhal, causadas por hérnias, artrose e até tumores. Elas também podem sentir dor neuropática devido a medicamentos ou cirurgias.

A região lombar é uma área onde os indivíduos podem sentir dor neuropática e nociceptiva, nesse caso a condição é chamada dor mista.

​Sintomas

“É importante ter em mente que uma pessoa pode sentir dor neuropática e nociceptiva ao mesmo tempo. Prestar atenção às principais diferenças pode melhorar a qualidade de vida das pessoas que lidam com a dor e ajudá-las a obter o tratamento correto”, destaca o neurocirurgião.

Como a dor nociceptiva pode se desenvolver em qualquer parte do corpo em resposta ao calor ou ao trauma, ela pode ter muitas características diferentes. Geralmente é mais intensa no momento da lesão, mas pode piorar logo pela manhã ou durante as atividades diárias.

“O tratamento da dor nociceptiva varia dependendo da causa. Ela frequentemente responde bem ao tratamento com medicamentos e procedimentos intervencionistas para tratar a dor”, explica Pedro Henrique Cunha.

Pessoas com dor neuropática relatam uma variedade de sintomas, incluindo:

  • Dor aguda, aguda, lancinante ou penetrante;
  • Sensações de formigamento;
  • Dormência;
  • Extrema sensibilidade ao toque;
  • Intolerância ao calor ou frio;
  • Fraqueza muscular;
  • Dor pior à noite.

Tratamento da dor

Tal como acontece com a dor nociceptiva, um dos primeiros e mais importantes passos no tratamento da dor neuropática é tratar a doença subjacente.

“Indivíduos com neuropatia diabética devem consultar um médico para encontrar medicamentos que ajudem a controlar o diabetes e a prevenir futuras complicações da doença. O médico poderá prescrever tratamento para reduzir a dor e para prevenir as comorbidades associadas à doença”, diz o médico.

Pessoas com dor neuropática devido ao câncer podem encontrar alívio com anticonvulsivantes, anestésicos locais e antidepressivos. O tratamento varia entre os indivíduos e a causa específica da dor.

Estudos (6) sugerem que um dos melhores tratamentos para a dor neuropática devido à dor no membro fantasma é a prevenção. Se uma pessoa recebe tratamento extensivo para a dor, antes da cirurgia de amputação, parece menos provável que ela desenvolva dor no membro fantasma posteriormente.

Os procedimentos intervencionistas como bloqueios, infiltrações, neurólises por radiofrequência ou crioterapia podem fornecer alívio e resolução da dor. Em outros casos, a neuromodulação, como a estimulação medular, dos gânglios das raízes dorsais e de nervos periféricos podem ajudar no tratamento dessa condição. Um médico intervencionista da dor e especialista em neuromodulação pode indicar a melhor terapia para cada paciente.

Fontes:

  1. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5329124/
  2. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4226388/
  3. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3198614/
  4. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3198614/
  5. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3198614/
  6. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3198614/
× Posso ajudar?