A doença de Parkinson é um distúrbio neurodegenerativo progressivo que leva à perda de controle motor e a vários sintomas não motores, como dor, transtornos de humor, prisão de ventre, comprometimento cognitivo e problemas de fala e deglutição.

Os sintomas são causados principalmente pela falta de uma substância química chamada dopamina no cérebro. Como atualmente não existe cura para o Parkinson, os tratamentos disponíveis concentram-se no aumento dos níveis de dopamina no cérebro dos pacientes ou no controle dos próprios sintomas. Um dos destaques no controle da doença é a cirurgia de DBS, que detalharemos neste texto. Confira!

Tratamento da Doença de Parkinson

Tratamentos para sintomas motores

A maioria dos medicamentos desenvolvidos para tratar a doença de Parkinson tem como alvo os sintomas motores comuns. Muitos deles são concebidos para aumentar o nível de dopamina, um neurotransmissor que transfere sinais entre as células nervosas. A dopamina está envolvida na regulação dos sinais de movimento, reduzidos no cérebro dos pacientes com a doença de Parkinson.

Tratamentos para sintomas não motores

Uma marca registrada do Parkinson são os problemas de movimento, mas a doença também apresenta muitos sintomas não motores. Muitos dos medicamentos que tratam os sintomas não motores não são específicos para o Parkinson, por isso os pacientes precisam discutir com seu médico quais tratamentos são melhores para eles. Isto é importante porque alguns tratamentos para problemas não relacionados ao movimento podem interagir com outros medicamentos para Parkinson.

Tratamento cirúrgico

​Existem casos em que uma pessoa com a doença de Parkinson não responde bem à medicação. Neste momento, o neurologista pode pensar num tratamento cirúrgico e o paciente deve ser avaliado por um neurocirurgião. Existem algumas opções cirúrgicas para os pacientes com Parkinson, mas a cirurgia mais comum nesses casos é a estimulação cerebral profunda ou DBS (Deep Brain Stimulation).

Estimulação Cerebral Profunda (DBS)

A DBS é um tratamento cirúrgico para a doença de Parkinson (1) que envolve o implante de um dispositivo para estimular regiões específicas do cérebro com impulsos elétricos gerados por um neuroestimulador alimentado por bateria.

“A cirurgia é recomendada para o tratamento de sintomas motores da doença de Parkinson, como tremor, rigidez, lentidão de movimentos e problemas de locomoção. É indicada para pacientes que têm a doença de Parkinson há pelo menos quatro anos (2) e após outras alternativas terapêuticas terem sido tentadas e não terem conseguido controlar os sintomas da doença”, explica o neurocirurgião Pedro Henrique Cunha.

Esses pacientes, geralmente, passam por um período de “desligamento” significativo ou apresentam discinesia grave (movimentos involuntários) como resultado do uso prolongado da levodopa.

Antes da cirurgia

Antes de realizarem a cirurgia, os pacientes com Parkinson serão submetidos a uma avaliação extensa para garantir que a cirurgia é adequada para eles, ou seja, que a indicação é apropriada. O neurocirurgião solicitará ressonância magnética ou tomografia computadorizada para mapear o cérebro e identificar a área alvo para DBS.

 O que acontece durante a cirurgia?

A cirurgia é geralmente realizada em duas etapas. Primeiro, um anestésico local é aplicado no couro cabeludo antes da cirurgia e fios muito finos (com eletrodos nas pontas para fornecer sinais elétricos) são inseridos no cérebro na região alvo.

A segunda etapa pode ser realizada sob anestesia geral. Um fio é implantado para conectar os eletrodos a um gerador, que gera o pulso elétrico fornecido pelos eletrodos. O gerador é geralmente implantado abaixo da clavícula, mas também pode ser colocado na parte inferior do tórax.

“Uma vez implantado o dispositivo, os sintomas podem ser monitorizados e a configuração do neuroestimulador pode ser ajustada para melhor atender às necessidades do paciente. A reprogramação não é invasiva porque pode ser realizada com o emprego da tecnologia sem fio, usando uma antena próxima ao local do neurotransmissor”, explica o médico.

Quais são os benefícios da cirurgia?

Sabemos que os sinais elétricos gerados pela cirurgia de DBS interrompem os padrões de sinalização anormais no cérebro que causam problemas de controle motor.

“A cirurgia de DBS não é a cura para a doença de Parkinson (3), nem interrompe a progressão da doença, mas muitos pacientes experimentam uma redução significativa nos sintomas após a cirurgia. A maioria dos pacientes ainda precisará tomar medicação após a cirurgia, mas após o DBS, pode haver uma redução na quantidade necessária. Isto, por sua vez, pode reduzir os efeitos colaterais induzidos por medicamentos, como a discinesia”, explica Pedro Henrique Cunha.

Quais são os riscos associados?

Os riscos associados à cirurgia de DBS podem variar dependendo da condição médica subjacente e devem ser discutidos com o médico, antes da cirurgia (4).

A cirurgia é geralmente segura, mas existem alguns riscos associados a ela. Por exemplo, alguns pacientes relataram problemas de fala ou experimentaram declínio cognitivo após a realização do procedimento. Há também um baixo risco (1 a 3%) de complicações devido à anestesia, infecção, acidente vascular cerebral ou sangramento craniano.

 Conclusão

A cirurgia de DBS é um importante avanço no tratamento da doença de Parkinson, sendo indicada para os pacientes quando o tratamento clínico é insuficiente ou apresenta muitos efeitos colaterais. É um procedimento seguro e eficaz, estando na vanguarda dos procedimentos neurocirúrgicos funcionais.

 

Fontes:

  1. https://www.neurology.org/doi/10.1212/WNL.0000000000005903
  2. http://dx.doi.org/10.1016/j.neuron.2019.11.012
  3. https://www.nature.com/articles/nn.3997
  4. https://academic.oup.com/brain/article/141/9/2655/5067349
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