DOR CRÔNICA

A dor é considerada crônica quando persiste por três meses ou mais. Para muitos pacientes, ela pode durar anos ou até a vida toda.

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A dor crônica pode ser causada por uma lesão ou doença, ou mesmo ocorrer sem qualquer condição subjacente.

As causas de dor crônica mais comuns são:

  • Dor nas costas ou na coluna;
  • Osteoartrite (também conhecida como artrose);
  • Dor de cabeça.

Mas existem centenas de condições que podem causar dor a longo prazo.

Tratamentos

Como cada pessoa é um universo único, tratar a dor crônica é um desafio enorme para a medicina, especificamente para o especialista em dor.

Não existe uma abordagem única para o tratamento.

A maioria das pessoas com dor precisará se envolver em um processo que consiste em identificar o problema, entendê-lo, encontrar causas possíveis ou situações que ajudam a perpetuar o quadro para assim traçar um plano de tratamento.

Normalmente, o manejo bem-sucedido da dor requer encontrar uma combinação de terapias multidisciplinares e multimodais que aliviem a dor o suficiente para melhorar a qualidade de vida e aumentar a função.

Embora um especialista em dor experiente tenha muitas estratégias de tratamento, diversas outras especialidades são importantes no tratamento, como a fisiatria, psiquiatria, psicologia, terapia física, acupuntura, dentre outras.

Conheça, a seguir , algumas opções de tratamento empregadas pela neurocirurgia funcional:

Bloqueios

Procedimento fundamental no tratamento da dor. Consiste em interromper impulsos sensoriais de uma região do corpo específica, diminuindo ou até eliminando por completo a dor.

São realizados com auxílio de um método de imagem, como raio-x ou ultrassonografia, de forma que se possa identificar estruturas específicas de maneira mais precisa e segura.

A maioria dos bloqueios incluem a injeção de um medicamento, normalmente um anestésico local ou um corticoide, visando interromper os sinais dolorosos ou diminuir a inflamação na área.

No caso dos bloqueios com anestésicos locais, a dose é mantida em uma pequena concentração, a fim de que somente a transmissão da dor seja interrompida, mas não outras funções como o movimento.

Infiltração

A infiltração consiste na aplicação de um medicamento diretamente na estrutura afetada. É rápida e efetiva no tratamento de várias causas de dor e inflamação. Os medicamentos utilizados na infiltração são anestésicos locais, corticoides e o ácido hialurônico.

Dependendo de onde está a dor e a inflamação, a infiltração pode ser feita:

  • Nos nervos sensitivos da região afetada (infiltração em nervos);
  • Nos músculos (infiltração em pontos gatilhos ou miofascial);
  • Diretamente na articulação afetada (infiltração articular);
  • Nos tecidos moles perto da articulação (infiltração peri-articular);

Doenças que podem ser tratadas com uma infiltração: artrites, artrose, tendinites, bursites, dor na coluna, dor miofascial (muscular), dor de cabeça,  Síndrome do túnel do carpo, fascite plantar, dentre outras.

Bombas de Infusão

O implante de bombas de infusão intratecal de fármacos é um procedimento indicado para o tratamento da dor de difícil controle, principalmente dores oncológicas.

No sistema de infusão de fármacos, um cateter é colocado na coluna do paciente e é então ligado a um reservatório computadorizado, posicionado abaixo da pele.

O reservatório é abastecido com analgésico e permite o controle da infusão do medicamento  ao longo das 24 horas do dia. Através de um tablet, é possível programar exatamente como será o fluxo da medicação ao longo do tempo. O paciente recebe ainda um controle que permite doses extras da medicação (pré-ajustadas e limitadas pelo médico assistente).

A potência do analgésico a ser infundida na região coluna é  300 vezes maior do que se o medicamento fosse administrado via oral. Com isso, é possível utilizar uma dose muito menor de analgésico, reduzindo o risco de efeitos indesejados.

Estimulação Medular

Para a dor de difícil tratamento, um recurso que tem evoluído intensamente é a estimulação medular.

Trata-se da aplicação de microcorrentes de eletricidade à medula, que modulam a maneira como a dor é percebida no cérebro.

A estimulação medular acontece a partir de um gerador de pulso programável, ou seja, uma bateria que gera padrões de estimulação individuais e particulares para cada paciente.

O gerador é conectado sob a pele a eletrodos posicionados na medula do paciente. Há 8 a 32 contatos diferentes em cada eletrodo. Cada um deles pode ser positivo, negativo, ou estar desligado. Com isso, há milhares de combinações de programações de estimulação possíveis.

Uma vantagem desta técnica é que ela dá controle ao paciente. A pessoa fica com um controle remoto, através do qual pode ligar ou desligar, mudar a programação e controlar a estimulação.

As principais indicações são para pacientes com síndrome pós-laminectomia (persistência da dor após cirurgia na coluna), síndrome de dor complexa regional (dor crônica de difícil controle que pode ocorrer após imobilização de um membro), dor do membro fantasma e dores neuropáticas, entre outras.

Estimulação de Gânglios da Raiz Dorsal

A estimulação de gânglios da raiz dorsal (DRG, do inglês Dorsal Root Ganglion Stimulation) é realizada através do implante de um eletrodo que é colocado próximo do gânglio da raiz dorsal, estrutura localizada ao longo da coluna vertebral onde os nervos sensitivos entram na medula espinhal. Ele é conectado a um gerador, que é um dispositivo eletrônico, semelhante a um marcapasso, que fornece energia para o eletrodo.

A técnica é considerada quando outras terapias para a dor crônica, como medicamentos, fisioterapia ou mesmo bloqueios ou cirurgia não proporcionaram alívio adequado da dor. É frequentemente usada para tratar a dor neuropática crônica, que é causada por lesões ou disfunções do sistema nervoso. Mas também para outros tipos de dor.

É especialmente eficaz para tratar a dor que afeta áreas específicas do corpo, como os membros ou região pélvica, abdominal e tórax. Esse procedimento pode ser muito eficaz no tratamento da dor que ocorre em patologias como síndrome da dor regional complexa, neuralgia pós-herpética, dor lombar crônica, neuropatia diabética, dor pélvica crônica, dor pós-cirúrgica e dor de membro fantasma.

A estimulação do gânglio da raiz dorsal funciona emitindo pulsos elétricos suaves diretamente no gânglio da raiz dorsal. Esses impulsos elétricos podem interferir nas vias de transmissão da dor, bloqueando ou modificando os sinais de dor que são enviados ao cérebro. Isso pode reduzir a percepção da dor e proporcionar alívio aos pacientes.

Alguns benefícios da estimulação do gânglio da raiz dorsal incluem:

• Alívio da dor localizado: a técnica é particularmente eficaz para tratar a dor que afeta áreas específicas do corpo;
• Menos efeitos colaterais sistêmicos: em comparação com medicamentos para a dor, a estimulação do gânglio da raiz dorsal tende a causar menos efeitos colaterais sistêmicos, uma vez que a estimulação é direcionada para a área afetada;
• Possibilidade de ajuste: o dispositivo pode ser ajustado conforme necessário para otimizar o alívio da dor.

A estimulação do gânglio da raiz dorsal não é apropriada para todos os pacientes ou todos os tipos de dor crônica. A decisão de usar a técnica deve ser feita após uma avaliação completa por um médico especializado em neuromodulação. A implantação do dispositivo requer um procedimento cirúrgico.

Radiofrequência

A radiofrequência é um procedimento cada vez mais utilizado no tratamento de diferentes tipos de dor.

Funciona basicamente da seguinte forma: uma corrente elétrica de alta frequência (500.000 Hz) é produzida por um aparelho chamado gerador. A onda é transmitida através de um cabo até um eletrodo inserido em uma agulha. A onda de radiofrequência, que percorre o eletrodo até a ponta da agulha, queima o nervo, impedindo que ele conduza o sinal da dor até o cérebro.

Logo após realizado o procedimento, o paciente pode sentir um aumento da dor por aproximadamente uma semana e então se inicia uma melhora progressiva ao longo de 6 a 8 semanas.

No início, alguns pacientes descrevem uma sensação de queimação, como se a pele estivesse queimada pelo sol. Esta sensação não costuma durar mais de 2 semanas e pode ser atenuada por cremes, medicação ou compressas mornas no local

A melhora dos sintomas costuma durar de 6 meses  a 2 anos após o procedimento, período durante o qual o paciente deve aproveitar e se dedicar a um programa de reabilitação física orientada por profissionais da área, aumentando as chances de não recorrência da dor.

Crioanalgesia

A crioanalgesia ou crioneurólise é a aplicação de frio nos tecidos (congelamento), criando um bloqueio na condução do estímulo sensitivo, semelhante ao efeito dos anestésicos locais.

O alívio da dor a longo prazo acontece porque há lesão dos vasos sanguíneos dos nervos pelos cristais de gelo, rompendo essa estrutura nervosa (com degeneração walleriana, ou seja, destruição do nervo).

Como vantagem em relação à radiofrequência, a crioneurólise preserva estruturas de sustentação e condução do nervo (bainha de mielina e endoneuro), reduzindo a possibilidade de quadros como anestesia dolorosa e permitindo uma futura cicatrização dor nervo mais eficaz.

Aplicações clínicas da crioanalgesia:

  • Neuralgia do trigêmeo, geniculada e do glossofaríngeo;
  • Dor na parede torácica com múltiplas condições, incluindo neuromas pós-toracotomia, dor persistente após fraturas de costela e neuralgia pós-herpética na distribuição torácica;
  • Dor abdominal e pélvica;
  • Dor lombar / dor na coluna;
  • Dor na articulação sacroilíaca;
  • Neuropatias periféricas.

Dentre diversas outras causas de dor crônica que podem ser melhor identificadas e tratadas por um médico intervencionista da dor.

Referências Bibliográficas

Therapeutic Pain Blocks. disponível em: https://www.uhhospitals.org/health-information/health-and-wellness-library/article/adult-diseases-and-conditions-v1/therapeutic-pain-blocks

https://my.clevelandclinic.org/health/treatments

https://www.hopkinsmedicine.org/health/conditions-and-diseases/nerve-blocks

Law L, Rayi A, Derian A. Cryoanalgesia. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2022 Jan-. Available from:  https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK482123/

Deer TR et al: The Polyanalgesic Consensus Conference (PACC): Recommendations on Intrathecal Drug Infusion Systems Best Practices and Guidelines. Neuromodulation. 2017 Feb;20(2):96-132. doi: 10.1111/ner.12538.

Verrills P, Sinclair C, Barnard A. A review of spinal cord stimulation systems for chronic pain. J Pain Res. 2016 Jul 1;9:481-92. doi: 10.2147/JPR.S108884.

https://www.singular.med.br/informacao/tratamento/procedimentos-intervencionistas/153-radiofrequencia-no-tratamento-da-dor.html

Listo, a seguir, algumas das principais condições crônicas que trato:

  • Cefaleia Tensional;
  • Cefaleias Diversas;
  • Dor ou Disfunção da Articulação Sacroilíaca;
  • Distonia;
  • Dor na Face;
  • Doença Degenerativa do Disco;
  • Dor No Pescoço;
  • Dor Abdominal Crônica;
  • Dor Aguda;
  • Dor Crônica;
  • Dor do Câncer;
  • Dor do Membro Fantasma;
  • Dor Miofascial;
  • Dor Musculoesquelética;
  • Dor na Ciática;
  • Dor na Perna;
  • Dor nas Costas
  • Dor Neuropática da Córnea;
  • Dor Neuropática;
  • Dor Pélvica;
  • Dor Pós AVC;
  • Dor Relacionada à AIDS;
  • Dor Relacionada à Doença de Parkinson
  • Dor Vascular;
  • Dores de Cabeça;
  • Endometriose;
  • Enxaqueca;
  • Espondilite Anquilosante;
  • Estenose Cervical;
  • Estenose Espinhal;
  • Fibromialgia;
  • Gota;
  • Hérnia de Disco;
  • Herpes Zóster;
  • Hidrocefalia;
  • Hipermobilidade e Dor Crônica;
  • Lesão da Medula Espinhal;
  • Lesão do Cóccix;
  • Lesão em Chicote;
  • Meralgia Parestésica;
  • Nervo Comprimido;
  • Neuralgia do Pudendo;
  • Neuralgia Intercostal;
  • Neuralgia Occipital;
  • Neuralgia Pós-herpética (NPH);
  • Neuralgia Trigeminal;
  • Neuropatia Periférica Diabética Dolorosa (PDPN);
  • Neuropatia Periférica Diabética;
  • Neuropatia Periférica;
  • Osteoartrite (artrose);
  • Pancreatite Crônica;
  • Radiculopatia;
  • Síndrome Complexa de Dor Regional;
  • Síndrome da Cauda Equina;
  • Síndrome das Pernas Inquietas;
  • Síndrome de Falha na Cirurgia de Coluna (ou pós-laminectomia);
  • Síndrome Dolorosa Central;
  • Síndrome Dolorosa Pós-Herniorrafia;
  • Síndrome Dolorosa Pós-Mastectomia;
  • Síndrome Pós-Pólio;
  • Síndrome Pós-Toracotomia;
  • Siringomielia;
  • Torcicolo Espasmódico;
  • Transtorno de Estresse Pós-Traumático;
  • Túnel do Carpo;
  • Vulvodinia.
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